O Drex, a moeda digital a ser lançada pelo Banco Central (BC), está quase pronto para testes públicos. No entanto, a sua implementação completa ainda enfrenta obstáculos legais, informou o BC.
De acordo com o economista Fabio Araujo, encarregado do projeto, a autoridade monetária brasileira está comprometido em respeitar a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e a confidencialidade bancária. Ele fez essas declarações durante sua participação virtual em um evento na sede da Microsoft, em São Paulo, na segunda-feira, conforme noticiou o Valor Econômico.
A fase piloto, destinada a examinar soluções de privacidade na infraestrutura já estabelecida da moeda, terá sua conclusão em maio. Contudo, é provável que não avance com protocolos definitivos. Araujo comentou: “Progredimos rapidamente com as soluções, mas é improvável que atendamos todos os requisitos regulatórios até o meio do ano”.
Avanços com o Drex, a CBDC do Brasil
A intenção, segundo ele, é continuar desenvolvendo soluções de privacidade e protocolos de governança ao longo do segundo semestre. Além disso, o BC deve incorporar ativos à plataforma, para oferecer um conjunto de serviços em teste para a população.
“Continuaremos os testes de privacidade e tentaremos aprimorar outros aspectos do projeto, como outros casos de uso e outros participantes. Isso dependerá das formalidades e da forma como devemos concluir a primeira fase do piloto”, Araujo reiterou.
Ao lado de Araujo, estava o diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Daniel Maeda. Ele destacou o potencial impacto do projeto no mercado de capitais, considerando a complexidade das transações envolvendo valores mobiliários e como a moeda digital pode simplificá-las.
“Os investidores hoje enfrentam a necessidade de lidar com transações on-chain e off-chain, o que muitas vezes é um desafio devido à volatilidade dos preços, seja devido aos algoritmos de lastro ainda complicados para que as stablecoins mantenham a paridade de um para um, ou devido ao custo da transação para o investidor”, afirmou Maeda. “Acredito que o Drex traz um apelo diferente, traz a estruturação de valores mobiliários para dentro do ecossistema cripto e abre possibilidades e ganhos que nos interessam muito”.
A eficiência que o Drex pode trazer ao mercado de capitais também foi destacada pelo chefe de tesouraria do Banco Safra, Carlos Ratto. Durante um painel sobre os aprendizados na implementação do real digital, ele afirmou ao Valor que a digitalização do sistema financeiro de forma geral pode reduzir os custos, tanto para as empresas emissoras quanto para os investidores.
Ratto explicou que, se houver redução de custos e simplificação das transações, o número de empresas de sociedade anônima listadas na bolsa poderá aumentar significativamente.
Drex para inclusão social
Além das médias empresas, o Drex também pode contribuir para a inclusão social, segundo Evandro Avellar, gerente nacional de serviços financeiros da Caixa.
De acordo com Avellar, a Caixa Econômica pretende atender cerca de 4% dos beneficiários do Bolsa Família que enfrentam dificuldades de acesso à internet e smartphones.
“Escolhemos uma situação peculiar na Amazônia, os ribeirinhos. A ideia é, junto com a empresa parceira, transferir o real ‘tokenizado’ do Bolsa Família para um cartão com uma carteira offline, que pode ser usado na cidade de forma offline. Assim, o próprio pequeno comerciante pode receber essa moeda e podemos promover a economia local”.
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