Charlie Munger, sócio do bilionário Warren Buffett por mais de 50 anos, faleceu na terça-feira (28), conforme nota divulgada pela Berkshire Hathaway. Munger era sócio de Buffett na companhia e, junto com o “oráculo de Omaha”, detinha um lugar entre os maiores investidores da história.
Dono de uma fortuna estimada em cerca de US$ 2,3 bilhões em 2021, Charles Thomas Munger não era tão rico quanto Buffett. Mas era um dos principais ícones do mercado financeiro, influenciando gerações como um dos grandes pensadores e estrategistas desse setor.
Suas frases ficarão marcadas na história como lições valiosas a respeito da forma como os investidores devem reagir aos desafios do mercado.
Mas para os bitcoiners, Munger ganhou fama devido às suas declarações ácidas e desdenhosas sempre que era questionado a respeito da criptomoeda. Assim como Buffett, Munger jamais enxergou utilidade no Bitcoin (BTC) e até chegou a criar epítetos famosos, como o “veneno de rato”. Portanto, veja cinco frases que Munger proferiu sobre o Bitcoin em seus quase 100 anos de vida.
Não aceito
Tanto Buffett quanto Munger sempre reforçaram sua confiança no papel dos Estados Unidos como motor da economia global. Com isso, eles também sempre confiaram no dólar como a moeda de reserva, rejeitando qualquer alternativa. Nesse sentido, Munger e Buffett sempre rejeitaram ativos como o ouro e, naturalmente, o BTC.
Em 2018, durante a reunião anual de acionistas da Berkshire, Munger proferiu diversas frases a respeito do BTC em respostas a perguntas dos acionistas. Uma dessas frases diz respeito justamente à natureza do Bitcoin como uma moeda baseada na criptografia, ao que Munger respondeu com: “Eu não aceito a moeda baseada em criptografia e espero que ela seja proibida em todas as suas formas.”
Veículo para drogas
Desde que o site Silk Road passou a aceitar Bitcoin como pagamento há 10 anos, a criptomoeda passou muito tempo associada com crimes. Muitos críticos do BTC passaram a afirmar que ele favorece criminosos, dificultando o rastreio de suas atividades pelas autoridades policiais.
Hoje em dia, porém, sabe-se que é exatamente o contrário: dada a natureza transparente da blockchain, qualquer pessoa consegue verificar e rastrear todas as transações. No entanto, esta associação entre o Bitcoin e o tráfico de drogas ainda estava arraigada na mente de Munger, que na reunião anual da Berkshire em 2021 disse o seguinte:
“O Bitcoin tem sido usado para comprar drogas e outras coisas ilícitas, e isso não é uma boa história.”
Antissocial e autoritário
É inegável que o BTC ajudou pessoas de vários países a se protegerem contra a perda do poder de compra do dinheiro, especialmente em países autoritários. Foi assim na Venezuela, na Turquia, no Zimbábue e em vários países. Nesse sentido, a criptomoeda age como uma ferramenta para trazer mais liberdade.
No entanto, Munger tem uma visão oposta a esta realidade, conforme ele demonstrou na reunião de acionistas da Berkshire em 2018. Complementando sua fala, o bilionário afirmou que considerava o Bitcoin “como algo artificial. […] É antissocial, autocrático, controlado por todos os tipos de pessoas e interesses.”
Ouro falso
“Ouro digital” é um dos apelidos que muitos investidores costumam dar ao Bitcoin, fazendo alusão à sua escassez e ao fato dele agir como uma reserva de valor global. Para Munger, o BTC também se compara ao ouro, mas a um ouro “falso”, ou ouro dos tolos. Em uma entrevista ao Yahoo! Finance no ano de 2021, o sócio de Warren Buffet disse:
“(O Bitcoin) é como alguém andando por aí vendendo ouro falso ou algo assim. Seria muito bobo, e as pessoas perceberiam que é bobagem, mas no caso do Bitcoin, elas estão percebendo que é algo inteligente.”
Veneno de rato
Uma das frases mais famosas de Charlie Munger é a respeito do ciclo de competência dos investidores. Neste conceito, Munger sempre alertou que o investidor não deve aportar seu dinheiro em algo que ele não conheça. E a mais famosa crítica dele a respeito do BTC revela que a criptomoeda estava fora do seu ciclo de competência.
Também em 2018, Munger afirmou que o Bitcoin “é veneno para ratos”.
“Claro que é algo que eu não entendo. E eu odeio as coisas que não entendo”, completou.
Munger nunca deixou claro o motivo pelo qual odiava tanto o BTC, mas as suas críticas indicam que ele claramente não entendia seu papel na economia atual.
Ainda assim, Charlie Munger garantiu seu lugar no panteão dos grandes investidores, com lições que resistiram ao teste do tempo e que valem até mesmo para os bitcoiners que ele tanto mostrava odiar. Descanse em paz, Charlie, e obrigado pelas suas lições.
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