Em decisão inédita, CVM fecha acordo com empresa de forex W7
Em decisão inédita, CVM fecha acordo com empresa de forex W7
Economia

Em decisão inédita, CVM fecha acordo com empresa de forex W7

Na última quarta-feira (22), o Colegiado da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) analisou e acolheu a proposta conjunta de Termo de Compromisso do Processo Administrativo (PA) que apura as condutas da W7 Broker & Trading Limited (W7BT) e de seu CEO, Willy Heine Neto.

Conforme noticiou o CriptoFácil, a CVM emitiu uma ordem de parada (stop order) contra a W7 em setembro de 2021, paralisando as operações da empresa. A W7 atuava no mercado de negociação de valores mobiliários, incluindo negociações de forex. No entanto, não tinha autorização da CVM para captar investidores no Brasil.

Desde a paralisação, a empresa tentava fazer um acordo com a CVM, e a negociação finalmente deu resultado. Com base nos critérios expostos no parecer do Comitê de Termo de Compromisso (CTC/CVM), a CVM constatou que não havia nenhum tipo de impasse jurídico que pudesse impedir o acolhimento da proposta.

Com isso, a W7 se propôs a pagar o montante de R$ 637.500 para a CVM. Este acordo possui uma importância história no Brasil dada a raridade de sua ocorrência. Ao contrário da SEC, contraparte da CVM nos Estados Unidos, a autarquia brasileira não costuma realizar acordo com empresas. De fato, este foi o primeiro acordo dessa natureza executado em 2005

O processo

O advogado responsável pela negociação, Rodrigo Mariano da Rocha, falou ao CriptoFácil sobre o caso. De acordo com Rodrigo, o caso era inédito no Brasil, por ser relacionado às indústrias de FX (forex) e CFD (contratos por diferença). Normalmente, as atuações da CVM versam sobre investimentos mais comuns, como mercado de futuros.

Dessa forma, a principal estratégia da defesa foi fazer um levantamento minucioso do caso. Em seguida, a equipe tratou de corrigir todas as irregularidades cometidas pela W7. Nesse sentido, Rodrigo explica que a maioria delas tem a ver com publicações da empresa nas mídias sociais.

“Para obtermos a aceitação da proposta de Termo de Compromisso tivemos o cuidado de, antes de apresentarmos a proposta inicial de acordo, fazer uma varredura em todo e qualquer conteúdo disponível na internet relacionado à W7 ou ao CEO da empresa, que eventualmente pudesse ser interpretado como meio de captação de investidores brasileiros”, disse o advogado.

O acordo

Em seguida, após a correção das falhas, a defesa da W7 tratou de fazer um Termo de Compromisso com a CVM, ou seja, um acordo. A intenção da W7 era impedir a abertura de um processo que pudesse aplicar sanções contra a empresa. De acordo com Rodrigo, isso poderia frustrar os planos da W7 de se instalar legalmente no Brasil.

Para Willy Heine Neto, o acordo celebrado com a CVM comprova o empenho da W7 em atuar segundo os critérios mais rigorosos de conformidade, exigidos pelas Autoridades Financeiras mundo a fora. Esse acordo foi muito relevante, também, para sua imagem e credibilidade que, até então, nunca havia sofrido qualquer tipo de processo judicial.

“Além da excelente condução jurídica que nosso caso teve, com certeza a CVM percebeu a boa-fé com que trabalhamos há anos e penso, isso foi decisivo para a aceitação do acordo”, finaliza o CEO da W7, que atualmente tem focado sua atuação no mercado árabe.

Rodrigo esclarece que a primeira ordem de parada da CVM para uma corretora ocorreu em 2005, quando a CVM deu início a este processo. Desde então, diversas corretoras tentaram fechar acordos com a autarquia, incluindo a Binance, que teve suas negociações de futuros suspensas no Brasil em 2020, mas nenhuma havia obtido sucesso.

Formulação do acordo

A W7 contratou o escritório Mariano da Rocha Guerra Advogados que atua para corretoras de Forex e CFD há alguns anos. A equipe jurídica explica que criou um banco de dados contendo todos os pronunciamentos da CVM, BACEN e de entidades como a ANBIMA, que fizessem menção à Forex, CFD ou à atuação de intermediários estrangeiros no Brasil.

“Com base nisso, a defesa da W7 sustentou que as medidas que eram adotadas pela CVM para coibir esse tipo de prática têm se mostrado ineficientes”, relata Rodrigo.

O advogado ressalta que a primeira autuação da CVM relacionada à atuação irregular de intermediários nesses mercados globais data de 2005. Depois dessa data, foram emitidos 108 stop orders contra brokers de FX e CFD estrangeiros. Somente 6 resultaram em sanções administrativas.

 

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