Sam Bankman-Fried (SBF), fundador da FTX, prestou depoimento na última sexta-feira (27) e decidiu manter sua narrativa. Ou seja, a de que a FTX cometeu erros, mas que ele não tinha intenção de cometer fraude. Além disso, o ex-CEO da FTX também afirmou que foram seus subordinados que cometeram grandes erros.
Bankman-Fried apontou o primeiro dedo da culpa para Caroline Ellison, ex-CEO da Alameda Research, empresa que tinha laços estreitos com a FTX. De acordo com seu depoimento, SBF afirmou ter pedido a Ellison para cobrir os seus riscos. Mas ele disse que a ex-CEO respondeu que não faria isso.
Jogo de culpa de Bankman-Fried
Acusado de fraude, conspiração e outros crimes, Bankman-Fried começou seu depoimento diante dos jurados na sexta-feira dizendo que cometeu erros em sua gestão. O maior deles, segundo SBF, foi não empregar uma gestão de risco para o negócio. Isso porque a FTX e a Alameda tinham exposição a áreas muito arriscadas.
Segundo o documentário Ruin, produzido pela Bloomberg, SBF e os executivos da FTX acreditavam na tese de “superciclo”. Isto é, que o mercado de criptomoedas iria sempre se valorizar a partir da máxima histórica registrada em 2021. Por causa disso, as empresas falharam em realizar um planejamento contra riscos.
Mark Cohen, advogado de Bankman-Fried, passou a maior parte da manhã acompanhando seu cliente. O foco da defesa estava em transformar a narrativa dos promotores sobre o colapso das empresas em uma história mais favorável ao réu. Em outras palavras, SBF não negaria os erros, mas se colocaria com alguém bem-intencionado vítima de falhas.
Falha em usar recurso
Bankman-Fried afirmou que a Alameda contava com formas de se proteger do colapso do mercado. Uma dessas formas era um recurso presente na FTX, que permitiria à Alameda evitar a liquidação de suas posições e deixá-la com saldo negativo. Com isso, a empresa conseguiria realizar saques.
No entanto, este recurso é alvo de polêmica pois, de acordo com os promotores, ele permitiu que a Alameda sacasse quantias ilimitadas de dinheiro dos usuários da FTX. Uma das acusações contra SBF é justamente a de que ele utilizou dinheiro dos clientes da FTX nas operações da Alameda.
Chamado “permitir negativo”, o recurso facilitou várias operações de desvio de recursos. Questionado sobre este recurso, SBF culpou seus ex-colegas Gary Wang e Nishad Singh, cofundador e ex-diretor de tecnologia da FTX, respectivamente. O réu afirmou que os dois implementaram esse sistema com o objetivo de corrigir um erro.
Em geral, Bankman-Fried disse que “supervisionou” Wang, chefe de tecnologia da FTX, e Singh, seu diretor de tecnologia. Mas alegou que eles tinham poderes para tomar suas próprias decisões.
Comportamento no tribunal
Segundo testemunhas oculares do julgamento, SBF parecia sereno e confiante no banco das testemunhas. O ex-bilionário estava claramente ansioso para entregar sua história ao júri, e os meses que ele teve de se preparar ficaram evidentes através da redação clara e deliberada de seu testemunho e de suas lembranças fáceis de seus primeiros dias como fundador da FTX.
Contudo, as respostas de Bankman-Fried frequentemente transformavam-se em monólogos ofegantes, o que suscitou objeções por parte dos procuradores e repreensões do juiz Lewis Kaplan, que aconselhou o réu a responder diretamente às perguntas. O depoimento de SBF deve continuar ao longo dessa semana.
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